Você escreve para o outro
A frase foi mencionada por
um professor de um curso de Licenciatura em Letras. Infelizmente, o nome do
autor ficou perdido, mas é uma frase que sobrevive ao tempo. O texto completo,
em minha memória, foi:
“Você nunca escreve para
você, escreve para outra pessoa ler. Ainda que escreva memórias que ficarão
escondidas, se escreveu, não é mais seu”
Acredito que deve ser
norteador de qualquer escritor. Pensar em quem vai ler, se a pessoa vai
entender, se a mensagem chegará ao destinatário da forma pretendida. Parece
simples, contudo, vários fatores contribuem para que não seja: Experiência de
vida do leitor, grau de instrução, domínio de conteúdo e até mesmo a
diversidade de leitores, o que deixa em um nível mais complexo.
A experiência de vida do
leitor é importante porque não é possível um escritor usar referências
conhecidas de algumas regiões/países que o leitor não conhece ou conviveu. O
texto pode fazer sentido para um conterrâneo, mas não para um destinatário
diferente e uma boa ideia pode ser perdida por esse detalhe.
O grau de instrução está
relacionado, dentre outros fatores, ao vocabulário. Imagine todos os jargões de
uma área técnica usados para quem não teve a oportunidade de conhecê-los. O
domínio do conteúdo está próximo, apesar de ser uma situação a parte. Ainda no
exemplo acadêmico, imagine um calouro recém matriculado em uma instituição de
ensino superior e sendo bombardeado por expressões que até então não havia
visto e que apenas as dominará em semestres futuros.
A diversidade dos leitores,
em minha singela opinião, é o fator de maior dificuldade. Para detalhar, usarei
o exemplo que me foi apresentado em um desses livros de prática de texto (não
me lembro mais qual foi, mas faço questão de dizer que a ideia não é minha,
créditos ao autor desconhecido) do livro de receitas. O livro de receitas tem
que ser acessível a quem nunca cozinhou e, ao mesmo tempo, não simplista demais
a quem já tem experiência na cozinha.
Parece desafiador, e é, mas
com prática, tudo se resolve. Não que exista uma fórmula para escrita, mas uma
coisa que ajuda é conhecer quem vai ler, se será compreensível, terá uma
linguagem acessível. Falando em acessibilidade, o conhecimento deve ser
acessível, por isso a importância da preocupação com o destinatário. Não
importa o tipo de texto, contanto que seja de fácil compreensão para quem vai
ler, no caso, o público alvo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBill, nossa conversa já não nos pertence e agora é do outro. Texto bem escrito, claro e sofisticado. 👩🎤. Um dia eu aprendo, meu amigo. 👩🎤👩🎤👩🎤
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