Brasileiro não quer privatização





Existe um debate sobre a prestação dos serviços públicos brasileiros e se a melhor saída seria passar esses serviços para iniciativa privada. Um exemplo seria a distribuição de água e energia (em alguns Estados brasileiros já se encontra na iniciativa privada). E como todo debate, existe vários pontos que defendam tanto um lado como um outro.
Independentemente de qual seria a melhor gestão, o brasileiro não está preparado, ou não quer privatização. Ainda que haja um discurso de muitos apoiadores de menor intervenção do Estado e mais presença do Mercado, na prática, o brasileiro não aceita a privatização.
Há algum tempo atrás, em um jornal local do Distrito Federal, foi vinculada uma reportagem sobre um incêndio que teve de esperar um pouco mais para ser apagado por causa dos carros estacionados em lugares irregulares e atrapalharam o socorro dos bombeiros. Um fator notável da reportagem então foi que a maioria dos motoristas reclamaram de terem de tirar os carros como se não tivessem feito algo errado.
Apesar de não ser possível encontrar essa reportagem específica, segue algumas fontes de reportagens de alguns anos atrás que comprovam a situação:
A relação entre privatização e estacionamento evidencia muito, na prática, como o brasileiro realmente se sente em relação a menor presença ou não do governo em suas vidas. Ainda que ele se mostre favorável a uma menor intervenção do governo, o que ocorre na realidade é que ele quer o contrário.
Existem estacionamentos privados que cobram taxas de serviço para guarda de carro, alguns por hora, outros também oferecem por períodos como dias, semanas e até meses. Enquanto que nos estacionamentos públicos há a presença de flanelinhas que acreditam ser os donos do local. Ainda que sob o risco de coação dos guardadores de carros, risco de multa (não existe vaga suficiente), o cidadão comum ainda estaciona em lugares públicos e como indicam as notícias acima, em lugares proibidos.
Surge o questionamento: se o Estado deve intervir menos na economia e os serviços públicos são melhores, por qual razão os estacionamentos pagos não tem a mesma aderência do que as vias públicas?
Existe uma possibilidade de no Distrito Federal ter cobrança por estacionamento (algo que já ocorre em outros Estados do Brasil) pelo poder público. A ideia é diminuir os estacionamentos irregulares e propor maior acessibilidade para as pessoas que disputam calçadas com os carros. Mas, nas notícias abaixo, ao consultar os comentários vai ser notório uma grande oposição a isso. Muitos acreditam que o governo deva providenciar mais vagas para carros (o que na opinião deste autor é algo absurdo, pois isso apenas pioraria a questão da mobilidade urbana, mas será uma questão para outro post).

Se o brasileiro comum se recusa a aceitar a privatização de um serviço como esse que não atinge a maioria da população diretamente (afinal, não é todo mundo que tem carro), no que dirá para serviços de maiores impactos. Além do que, para os que estacionam em lugar irregular, existe uma frase bem comum: “O governo não dá vaga, tem de estacionar onde der”. Esse onde der, a pessoa tem que ter noção de que nem sempre é permitido e pode resultar em multa. Lembrando que, caso seja melhor pouca intervenção estatal, realmente não é obrigação do governo criar mais vagas de estacionamento.

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