Brasileiro não quer privatização
Existe um debate sobre a
prestação dos serviços públicos brasileiros e se a melhor saída seria passar
esses serviços para iniciativa privada. Um exemplo seria a distribuição de água
e energia (em alguns Estados brasileiros já se encontra na iniciativa privada).
E como todo debate, existe vários pontos que defendam tanto um lado como um
outro.
Independentemente de qual
seria a melhor gestão, o brasileiro não está preparado, ou não quer
privatização. Ainda que haja um discurso de muitos apoiadores de menor
intervenção do Estado e mais presença do Mercado, na prática, o brasileiro não
aceita a privatização.
Há algum tempo atrás, em um
jornal local do Distrito Federal, foi vinculada uma reportagem sobre um
incêndio que teve de esperar um pouco mais para ser apagado por causa dos
carros estacionados em lugares irregulares e atrapalharam o socorro dos
bombeiros. Um fator notável da reportagem então foi que a maioria dos
motoristas reclamaram de terem de tirar os carros como se não tivessem feito
algo errado.
Apesar de não ser possível
encontrar essa reportagem específica, segue algumas fontes de reportagens de
alguns anos atrás que comprovam a situação:
- https://www.youtube.com/watch?v=rOKl0o0f2rU - Acesso em 12/05/19;
- http://www.jornaldebrasilia.com.br/cidades/carros-dificultam-socorro-do-corpo-de-bombeiros/
- Acesso em 12/05/19;
- http://www.jornaldebrasilia.com.br/cidades/so-neste-ano-365-motoristas-foram-multados-por-obstruir-a-passagem-em-atendimento-de-urgencia/
- Acesso em 12/05/2019;
A relação entre privatização
e estacionamento evidencia muito, na prática, como o brasileiro realmente se
sente em relação a menor presença ou não do governo em suas vidas. Ainda que
ele se mostre favorável a uma menor intervenção do governo, o que ocorre na
realidade é que ele quer o contrário.
Existem estacionamentos
privados que cobram taxas de serviço para guarda de carro, alguns por hora,
outros também oferecem por períodos como dias, semanas e até meses. Enquanto
que nos estacionamentos públicos há a presença de flanelinhas que acreditam ser
os donos do local. Ainda que sob o risco de coação dos guardadores de carros, risco
de multa (não existe vaga suficiente), o cidadão comum ainda estaciona em
lugares públicos e como indicam as notícias acima, em lugares proibidos.
Surge o questionamento: se o
Estado deve intervir menos na economia e os serviços públicos são melhores, por
qual razão os estacionamentos pagos não tem a mesma aderência do que as vias
públicas?
Existe uma possibilidade de
no Distrito Federal ter cobrança por estacionamento (algo que já ocorre em
outros Estados do Brasil) pelo poder público. A ideia é diminuir os
estacionamentos irregulares e propor maior acessibilidade para as pessoas que
disputam calçadas com os carros. Mas, nas notícias abaixo, ao consultar os
comentários vai ser notório uma grande oposição a isso. Muitos acreditam que o
governo deva providenciar mais vagas para carros (o que na opinião deste autor é
algo absurdo, pois isso apenas pioraria a questão da mobilidade urbana, mas
será uma questão para outro post).
Se o brasileiro comum se
recusa a aceitar a privatização de um serviço como esse que não atinge a
maioria da população diretamente (afinal, não é todo mundo que tem carro), no
que dirá para serviços de maiores impactos. Além do que, para os que estacionam
em lugar irregular, existe uma frase bem comum: “O governo não dá vaga, tem de
estacionar onde der”. Esse onde der, a pessoa tem que ter noção de que nem
sempre é permitido e pode resultar em multa. Lembrando que, caso seja melhor
pouca intervenção estatal, realmente não é obrigação do governo criar mais vagas
de estacionamento.
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