Obrigações

Tenho obrigações que poderia escolher, mas não consigo evitar. Sou obrigado a escolher um estilo de vida que não me pertence, não me é agradável, não quero. Sou obrigado a gostar de coisas que detesto, apreciar a arte que desconheço e ainda obrigado a ser punido quando não obedeço o padrão que me foi imposto.
Sinto-me perdido por tentar ser livre em um mundo de prisões. Apesar de me esforça, ainda me vejo preso a correntes que eu mesmo coloquei ali. Sou prisioneiro dos grilhões do consumismo. Trabalho para pagar coisas que viveria sem. Perco o sono para pagar uma semana de descanso. Perco tempo com minha família para passar tempo com minha família. Quito dívidas para angarias mais despesas e ter coisas que não me agradam, que me proporcionam apenas o prazer da ostentação.
Ainda que queira liberdade, sou conformado em seguir na escravidão opcional, a que eu escolhi a que aceitei em minha vida. Mostrarei minha indignação com a situação permanecendo nela e fingindo uma felicidade que não tenho, afinal, tenho a obrigação de não estar satisfeito com o que possuo e o direito de exigir que continue servindo um amo que não existe. 

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