Condomínio X Governo
Uma característica da vida
moderna é a vida em condomínios. Quando eu era mais jovem, isso era algo, não
vou dizer raro, mas distante. O condomínio da minha vida praticamente toda foi
a rua em que eu morava em uma cidade de periferia. Não conhecia muita gente que
morava em apartamento, então, era algo que não tinha muito contato.
O tempo passou, e tive que
encarar os novos tempos e os novos sistemas de vida em grupo: condomínio. Eu vi
que havia não só em prédios, mas em quadras, loteamentos e por aí vai. Nunca
pensei que para entrar em uma rua teria que pedir autorização. Então, percebi
que condomínio era algo bem comum e muitas pessoas estavam trocando, por
exemplo, sua individualidade residencial, para uma convivência em grupo maior,
com mais coisas comunitárias (piscina é uma delas).
Mesmo que a forma de distribuição
de moradia fosse diferente, esses lugares têm muita coisa em comum. Não importa
se é classe alta ou baixa, vai ter a figura do síndico, que é sempre um cargo
ingrato, junto com ele uma estrutura de organização com tesoureiro, subsíndico,
conselheiros e afins. Vem aquelas reuniões chatas, com lavagem de roupa,
barraco e horas intermináveis para decidir nada. Ainda sim, tem mais uma coisa
em comum: a fiscalização de todos os moradores.
O síndico não pode deixar de
justificar ou explicar para onde vai cada centavo do que foi pago porque vai
chover reclamações e demandas por justificativas. Sempre tem aquele morador que
é bem detalhista e sabe até os cinco centavos que não foram utilizados. Porém,
isso é justificável. As pessoas estão preocupadas se o dinheiro que gastam na
manutenção do condomínio realmente está indo para o condomínio. Nas reuniões
decidem, mesmo com orçamento limitado, para onde vão os recursos, as prioridades
e assim vai.
Aí vem a pergunta: O que difere o
condomínio de um governo? O condomínio é um lugar onde um grupo de pessoas se
organiza para viverem juntos. Governo a mesma coisa, só que em proporção maior.
Seu imposto é a taxa de condomínio e ele deve ser utilizado para a melhor te
atender. Ainda que não seja possível atender todas as demandas de uma vez, cabe
ver qual a prioridade do momento e agir.
A diferença entre governo e
condomínio é que ser síndico é ser cobrado a todo instante. Já no caso do
governo, ser representante do povo é o famoso: “político não presta, nem
adianta reclamar.” Porém, a pessoa reclama que paga absurdo de imposto e não vê
resultado. Só que ela não cobra de quem ela elegeu, mas o síndico tem que
prestar contas sempre. Outra coisa que percebo que é a idolatria ao governante.
Nunca vi ninguém dá acesso de honra a síndico. Mas o representante está ali
apenas gerenciar o grande condomínio que pode ser o Estado, Município ou País.
Ás vezes, esquecemos que o
governo existe para nós, para todos os habitantes e deixamos de fazer nosso
trabalho de cobrar resultados ou até mesmo de fiscalizar se o nosso dinheiro
está sendo bem utilizado. A ideia aqui não é defender a figura do síndico
(afinal, nem gosta dele), mas demonstrar que da mesma forma que o síndico é
apenas mais um morador do condomínio, o presidente, prefeito e governador
também são. Eles não são diferentes de eu ou você. São cidadãos que aceitaram o
trabalho de coordenar um país, município ou Estado e que nos devem prestar
contas, devem atender aos nossos interesses.
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