Nem todo...
A Internet é uma excelente ferramenta. Em um buscador famoso (o Google), digitei a palavra generalizar, me veio como resultado:
1.
transitivo direto e bitransitivo
e pronominal
tornar(-se) geral; estender(-se);
propagar(-se); universalizar(-se).
"g. críticas (a todos)"
2.
transitivo direto
tornar mais amplo; dar maior
extensão a (algo).
"g. um conceito"
Acredito que se eu for buscar o
Aurélio, não será assim tão diferente pelo que vi de outros resultados pela
mesma palavra. Por que generalizar está
sendo uma palavra importante? (ao menos para este texto). Simples, a brigada do
“nem todo” sempre culpa essa palavra quando quer se esquivar de um padrão de um
grupo que é moralmente inaceitável, mas que eles gostam de praticar assim mesmo
ou defender seus companheiros que o fazem.
Voltemos ao conceito da palavra
generalizar. Pela definição acima, não foi encontrado que é algo taxativo,
transformador, impositor. Resumindo, quando a definição diz que é
“estender(-se); propagar(-se); universalizar(-se); tornar mais amplo; dar maior
extensão a (algo)”, não quer dizer que seja necessariamente um rótulo, mas é
algo comum, que uma maioria de um determinado grupo pratica (ou é).
Para ficar mais claro, vamos usar
o nosso país. O Brazil é conhecido
por ser o país do futebol. Brasileiros são conhecidos por gostarem do esporte,
inclusive, aqui, o chamamos de “paixão nacional”. Contudo, existem pessoas,
como eu, que não gostam de futebol. Isso mudaria a fama do Brasil pelo seu
relacionamento com o esporte? Alteraria o fato de que toda esquina tem uma
quadra de futebol (que de vez em quando jogam basquete), vários campinhos
espalhados por uma cidade ou que existe um mercado de aluguel de quadra (ou
campo, não sei o termo correto) de grama sintética? Acredito que não.
Generalizar não é corresponder ao
todo, mas um padrão, algo em comum. Inclusive, no campo da ciência, a
generalização é usada para estudar os fenômenos destoantes, os quais não seguem
o “fluxo comum”. Quando Margaet Mead e Ruth Benedict resolveram sair do
conforto dos seus lares para estudar diversidade social, entender se o
comportamento humano é resultado da cultura do indivíduo e que “histeria
feminina” não era relacionada ao gênero, mas a toda uma doutrinação de uma
sociedade (podemos falar mais sobre isso depois), a sociedade daquela época não
deixou de ser considerada machista e patriarcal. Havia exceção? Havia. Porém,
isso não mudou a forma como enxergamos aqueles tempos, ao mesmo tempo que esse
estudo foi divisor de águas em estudos de comportamentos (acho que realmente
vou precisar falar dele com mais calma).
Então, mas qual é o problema de
falar “Mas nem todo...”? Quando alguém fala isso, está assumindo a culpa do
grupo além de querer defender um erro para o qual não há defesa. Sem contar,
que as exceções já sabem da generalidade e não ligam, porque sabem que aquilo é
o senso comum. Exemplos? Vamos lá. Recentemente, um jogador profissional de
videogame recebeu um prêmio. Durante a cerimônia, ele disse ser gay (o que eu
só descobri no vídeo), negro e Furry (gente
que gosta de se vestir de animal numa definição bem fuleira) e terminou dizendo
que era tudo quem republicano não gostava (ele é from USA).
Após isso, teve gente falando que
“ele tava generalizando, que não são todos os republicanos que são assim” e por
aí coisa tal. Mas, o que essas pessoas não sabem, ou não querem saber, é que
republicano não, geralmente, não gosta desse tipo de gente, e o povo from USA faz piada sobre isso
constantemente. E as exceções de republicanos que não são sim, entendem que em
grande maioria, esse grupo é mais conservador (para usar uma palavra mais
amena). Essa fala do jogador não foi para aquele republicano bonzin que só não
gosta do Obama, foi para aquele republicano do Texas que ainda usa a bandeira
sulista.
Para finalizar, escutei uma frase
que se aplica bem a esse tipo de situação: a exceção justifica a regra. Ela
quer dizer que, se você precisa procurar casos específicos, não genéricos para
ter que justificar “mas nem todo...”, o que você está fazendo na verdade é
comprovar que aquela generalização é verdadeira.
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